A Ford Ranger Raptor é tão inacreditável que foi difícil começar este texto. Tentei fazer graça com a extinção dos dinossauros e a impossibilidade do encontro entre seres humanos e os animais pré-históricos, mas não encontrei os termos certos. E, assim como a avaliação em vídeo abaixo, fiquei sem palavras em diversos momentos na construção desta avaliação.
É difícil determinar se a Ranger Raptor é uma picape, um esportivo ou apenas um monstro do off-road, daqueles que nunca tivemos acesso no Brasil. Sim, Jeep Wrangler e Land Rover Defender são muito capazes, mas não necessariamente na mesma velocidade que a Raptor.
E isso não é só mérito do motor 3.0 V6 biturbo com 397 cv de potência e 59,4 kgfm de torque, do câmbio de dez marchas, o mesmo do Mustang, ou do modo Baja, exclusivo da versão Raptor.
Com foco na performance, a opção traz o benefício do antilag, que permanece com o turbo pressurizado por 3 segundos após o motorista tirar o pé do acelerador. Assim, o sistema ajuda a proporcionar retomadas mais ágeis a baixas velocidades.
São todas essas coisas, mas somadas ao principal: o conjunto de suspensão. Ele é tão fundamental na performance da picape que iremos fazer um subtítulo exclusivo para explicar o sistema.
Saltos, terra e amortecimento
É a primeira vez que a Ranger Raptor é tratada como um projeto independente, ou seja, ela é basicamente outro carro em relação às Ranger convencionais. E não estamos falando apenas do design, mas especialmente do conjunto de suspensão.
A Ford diz que é o melhor conjunto já feito para a Ranger. Os braços são de alumínio e os amortecedores são ativos, de competição, fornecidos pela Fox. Cada amortecedor tem 2,5 polegadas e é ajustado individualmente por meio de câmaras de compressão.
O trabalho do amortecedor foi levado tão a sério que os tubos são feitos com infusão de teflon, o material antiaderente de panelas, para minimizar o atrito e favorecer o ajuste imediato às imperfeições do terreno.
Se isso não bastasse, os amortecedores também contam com um sistema que impede o fim de curso, já que os 25% finais do seu curso são mais resistentes. Isso ajuda a evitar saídas de frente em acelerações mais brutas. E o mais importante: permite que o comprador se divirta na terra.
No vídeo, é possível ver a picape saltando e pousando de forma sublime, com pouco impacto para os ocupantes. O mesmo acontece ao passar em uma série de lombadas a velocidades mais altas. É impressionante o quanto a carroceria se mantém estável enquanto a suspensão trabalha.
O sistema de amortecimento pode ser controlado por um comando no volante, alternando entre o modo convencional e o mais firme, utilizado especialmente na off-road. E não se preocupe com saltos ou pedras. Há um peito de aço para proteger cárter, transmissão e tanque de combustível.
Ford Ranger Raptor - Capacidades off-road
Não é uma picape
Uma picape, na acepção do produto, é feita para carregar peso, rebocar trailers e algumas outras funções com a caçamba. Não é o caso da Raptor. Tanto que a picape leva menos peso que uma Strada manual (735 kg contra 750 kg da compacta).
Ela é feita para acelerar na terra e cumpre isso de maneira exuberante. Muito graças à tração integral inteligente, que tem duas caixas de transferência e bloqueio dos diferenciais traseiro e dianteiro.
Ao todo são sete modos de condução, mas o mais bruto deles é o Baja. Como dito acima, a picape sai de um modo pacífico, com ronco comedido, para se tornar um monstro desconfortável e veloz, sem escorregar além do que o piloto quer.
Outro item importante são os pneus. O conjunto 285/70 AT da BF Goodrich calça rodas pretas de 17 polegadas. Vale ressaltar que as unidades vendidas serão entregues com pneus Continental Grabber. Fetos para todo o terreno, além de compor muito bem o visual, entregam a aderência necessária em terrenos mais perigosos, como caminhos de cascalho.
Voltando aos modos de condução, os demais são normal, esportivo e escorregadio, todos para condução em asfalto. Além de subida em pedra, areia e lama, obviamente, destinados para o uso no off-road.
Isso somado ao comportamento nas acelerações, que seguem vigorosas após os 5,8 segundos necessários para chegar aos 100 km/h, confirmam que se trata de um esportivo. O trabalho no escapamento, com ronco de dar inveja ao Fiat Pulse Abarth é outra amostra.
A Ford só vacilou de não ter trabalhado para que as reduções de marchas também causassem pipocos no escapamento, o que sempre deixa tudo mais divertido. A Ram Rampage R/T que o diga. E por falar no escape, você também pode optar por alternar o barulho do escapamento, evitando acordar seu vizinho de manhã.
Cabine merecia mais
A cabine da Ranger Raptor tem alguns diferenciais em relação à versão convencional. No entanto, é muito mais sóbrio que o exterior. Há discretos apliques vermelhos nas saídas de ar-condicionado, uma indicação vermelha no volante, típica de esportivos, que indica quando o volante está reto.
Nos bancos, que possuem abas laterais mais proeminentes para segurar o motorista e o passageiro dianteiro, há suede no centro dos assentos e costuras vermelhas. O que mais chama atenção é a central multimídia de 12 polegadas instaladas na vertical.
Outra curiosidade está no teto da picape, que tem seis botões disponíveis para personalização. Dessa forma, o condutor pode adicionar atalhos para funções e ativá-las de forma mais simples.
Primeira impressão é a que fica
Ao olhar para a Ford Ranger Raptor, você pensa em uma picape assustadoramente rápida e robusta. E isso realmente se confirma ao volante, o que é ainda melhor. Mas falando apenas do visual, a Raptor é mais larga que a irmã convencional, com caixas de rodas mais abauladas.
Uma enorme grade dianteira com o nome Ford gravado em alto relevo toma conta da dianteira. A suspensão elevada, os pneus de perfil alto e o peito de aço na dianteira entregam sua vocação para o fora de estrada.
Na lateral e na tampa da caçamba ,é possível ver o nome Raptor e, se você minimamente acompanha o mundo automotivo, já entende se tratar de algo especial. As duplas saídas de escape confirmam esse sentimento.
Ford Ranger Raptor 2024 – Ficha técnica
Motor: 3.0, dianteiro, transversal, V6, 24V, turbo, gasolina, injeção direta, duplo comando de válvulas
Taxa de compressão: 10,5:1
Potência: 397 cv a 6.250 rpm
Torque: 59,4 kgfm a 3.500 rpm
Câmbio: automático, 10 marchas
Tração: 4x4 com função Auto, reduzida e bloqueio dos diferenciais dianteiro e traseiro
0 a 100 km/h: 4,8 segundos
Velocidade máxima: 180 km/h (limitados eletronicamente)
Consumo (Inmetro): 8,3 km/l na cidade e 10,2 km/l na estrada
Dimensões: 5.360 mm de comprimento, 3.270 mm de entre-eixos, 2.028 mm de largura, 1.926 mm de altura, 82 litros de tanque de combustível; capacidade de carga, 736 kg; volume da caçamba, 125 litros; capacidade de reboque, 440 kg; peso em ordem de marcha, 2.400 kg.
Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensão McPherson com molas helicoidais (dianteira) e multilink com molas helicoidais (traseira); freios a discos ventilados (dianteira e traseira); diâmetro de giro, não informado; coeficiente aerodinâmico não divulgado; vão livre do solo, 27,2 cm; ângulo de ataque, 32°; ângulo de saída, 27°; ângulo central, 24°; pneus 285/70 R17; estepe temporário 285/70 R17.
Ford Ranger Raptor 2024 – Itens de série
Ford Ranger Raptor vale a pena?
Talvez, na cabeça do consumidor de picape, uma Toyota Hilux GR-Sport já faça o suficiente em termos de capacidade off-road, mas a Raptor está em um patamar muito acima. Ela não tem uma rival direta aqui no Brasil.
Os R$ 448.600 mil pedidos pela Ford são, sem dúvidas, muito dinheiro. No entanto, a entrega é muito acima do esperado para uma picape. Dessa forma, quem tiver condições e quiser um brinquedo para lá de estiloso, com certeza deveria comprar a Ford Ranger Raptor.
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