Quando pensamos em picapes médias, o nome da Nissan Frontier não é a primeira opção que vem à cabeça da maioria. Tanto que, no acumulado de vendas de 2022, ela ocupa a quinta posição no acumulado de vendas no segmento deste ano.
Devido à reestilização, desde maio os emplacamentos da nova Nissan Frontier pularam da faixa mensal de 400 unidades para quase 800. Ainda assim, a Frontier continua sem conseguir levar a melhor na briga com Toyota Hilux, Chevrolet S10 e Ford Ranger.
São cerca de R$ 50.000 a menos que as versões topo de linha. Para isso, a picape teve que se despir de assistentes de direção, teto solar, ar-condicionado automático de duas zonas e outros mimos. Será que vale a pena a economia
Abaixo, citamos as principais diferenças da versão Attack para as configurações topo de gama, além de discorrer sobre no que ela se destaca ou fica devendo em relação à concorrência. E também respondemos à pergunta principal: se vale a pena ou não levar uma Nissan Frontier Attack 2023 para casa.
Design bem resolvido
A Nissan Frontier 2023 recebeu mudanças pontuais de design, mas suficientes para deixá-la com traços mais modernos e bem resolvidos. A dianteira recebeu uma grade maior e mais proeminente, além de um para-choque com novos recortes, seguindo o novo conceito da marca chamado “Emotional Geometry Design”.
O formato dos faróis não mudou. Nesta versão, inclusive, o conjunto halógeno é exatamente o mesmo de antes, sem contar com os belos projetores quádruplos de LED das versões de topo. Pelo menos os nichos dos faróis de neblina são de LED e exibem um novo formato.
Na traseira, as mudanças estéticas ainda foram sutis: uma tampa de caçamba com vincos mais marcantes e o nome Frontier grafado em baixo relevo, além de lanternas com luzes de posição de LED. Em compensação, a picape ganhou ali um item bem funcional: um degrau para facilitar o acesso à caçamba. Na versão Attack, as rodas são aro 17 com pneus All Terrain 255/65.
Por dentro, as mudanças também parecem sutis visualmente. Porém, mais uma vez a Nissan deu muita atenção à funcionalidade e espalhou mais de 20 porta-objetos pelo carro. Outro detalhe muito funcional é o porta-copos ao lado do volante, bem próximo da saída de ar-condicionado, que nesta versão é de apenas uma zona e manual.
A central também é a mesma, com 8 polegadas compatível com Android Auto e Apple CarPlay. Esperávamos uma multimídia mais moderna, mas não foi desta vez. O painel de instrumentos é parcialmente digital, tem 7 polegadas e é multicolorido, como no Kicks. Há duas entradas USB-A e uma do tipo C. O carregador por indução ficou para a próxima.
Os bancos são em tecido, o que pode dificultar a limpeza interna, visto que uma picape sempre está propensa a ter o interior sujo de barro. Outro diferencial que a Frontier Attack deixou para as variantes mais caras foi o teto solar.
Espaço
Em termos de dimensões, a nova Frontier não mudou quase nada e nem precisava, visto que o espaço é um muito bem acertado para a categoria de picapes média. Apenas a capacidade de carga da caçamba teve um pequeno ganho, passando de 1.025 kg para 1.043 kg.
Outra novidade é que a tampa da caçamba ganhou novos amortecedores, para deixá-la mais leve, o suficiente para abri-la com apenas uma mão.
Desempenho
Aqui é a prova de tudo, o quesito mais crucial de um carro e levado ainda mais a sério quando se trata de uma picape.
Bem sabemos que não tem nenhuma novidade neste motor 2.3 turbodiesel. Exceto que ele foi recalibrado ano passado para atender as novas regras de emissões do Proconve L7 e por isso recebeu um taque de Arla 32 que a Mobiauto já explicou como funciona.
Na Frontier Attack o motor 2.3 quatro-cilindros 16V turbodiesel de 190 cv e 45,9 kgfm é combinado ao câmbio automático de sete marchas e à tração 4x4. São 14 cv a menos que uma Toyota Hilux, 10 cv a menos que uma Chevrolet S10 ou uma Ford Ranger.
Em termos mecânicos, a Nissan deixou todos os ajustes para o sistema de suspensão, composto por braços duplos com barra estabilizadora na dianteira e uma peculiar combinação de eixo rígido com barra estabilizadora e molas helicoidais na traseira.
Vale citar que este sistema não é nada comum em uma picape, apesar de proporcionar mais conforto na cidade e amenizar aquele efeito “pula-pula” na estrada de terra, visto que a maioria das picapes médias adere às molas semielípticas, por ter uma manutenção mais simples e também por proporcionar maior robustez.
A direção é hidráulica, assim como nas japonesas Toyota Hilux e Mitsubishi L200. Já as americanas e Chevrolet S10 e Ford Ranger têm direção elétrica. Pelo menos os freios são a disco nas quatro rodas.
Agora que já falamos bastante da parte técnica, vamos a como a Nissan Frontier é na prática. No asfalto, ela é bem gostosa de guiar. Tem boas respostas tanto de aceleração como de frenagem, e ainda passa confiança nas ultrapassagens graças às boas retomadas.
A direção hidráulica acaba comprometendo um pouco o conforto, mas, considerando a finalidade de uma picape média, até condiz com a proposta do modelo. Resumindo, a Frontier é boa para estrada e até para as ruas esburacadas da cidade. Pelo menos dos impactos não se pode reclamar, pois ela os absorve muito bem. Só não queira facilidade para manobrá-la em uma vaga apertada de estacionamento.
No chão de terra, a primeira vantagem é que ela não parece um boi bravo como a maioria das picapes médias. Pelo contrário, ela está mais para um cavalo fácil de adestrar. Há quem goste dos dois mundos. Mas, pensando em uma pessoa que está em busca da sua primeira picape, a adaptação é muito mais fácil.
Tivemos a oportunidade de testar o bloqueio de diferencial com a tração 4x4 reduzida, essa combinação é fundamental em trechos mais escorregadios e desnivelados. O bloqueio de diferencial atua jogando mais torque para a roda que está com mais aderência, o que facilita muito a dirigibilidade em um ambiente menos estável.
Porém, tudo que foi dito até aqui sobre a dirigibilidade da Nissan Frontier Attack mostra que não há nada que a destaque muito das concorrentes, exceto pelo conforto da suspensão. Diferente da versão PRO-4X, que saiu na frente das rivais devido aos assistentes de direção, que elevaram muito a segurança e a comodidade, como:
Alertas de tráfego cruzado traseiro, colisão frontal, ponto cego, mudança de faixa, faróis automáticos inteligentes; assistente de manutenção em faixa e frenagem autônoma emergencial.
Dos assistentes de direção, a lista da Attack só contempla auxílio de partida em rampas (HSA), controle automático de descida (HDC), controle eletrônico de frenagem (EBD) e câmera de ré. Assim, concluímos que o principal atrativo no desempenho da Nissan Frontier Attack é o conforto e seu custo-benefício.
É uma picape mais fácil de guiar por novatos e quase tão parruda quanto as concorrentes, embora, ainda seja muito subestimada. Uma pena que deixou todos os novos assistentes para quem pode pagar mais. E só para fins de curiosidade, a PRO-4X e a Platinum são as configurações mais vendidas até o momento.
Principais itens de série
Vale a pena compra a Nissan Frontier Attack?
A Nissan Frontier Attack não é uma picape de grandes destaques, mas na briga com as outras picapes, ela não fica em grande desvantagem em praticamente nenhum quesito. Por mais que alguns cavalos a menos pesem para muitos clientes, assim como a suspensão traseira com fama de não ser robusta, seu desempenho não chega a ser inferior.
Comparando-a com a sua principal concorrente, a Toyota Hilux, a versão SR CD 4x4 é ofertada quase pelo mesmo valor da Attack, na faixa de R$ 270.000. Porém, a Nissan Frontier tem a vantagem de ter acabado de passar por uma reestilização.
São duas picapes japonesas que dividem opiniões. Os mais tradicionais são fiéis à Hilux. Uma minoria prefere a Frontier. Se fosse a versão PRO-4X aqui, diríamos que ela tem uma proposta mais interessante.
Mas a Attack oferece apenas o que esperamos de uma picape média, sem mais. Por R$ 50.000 a menos, o suficiente pode ser muito bom. Então, a resposta é sim, a Nissan Frontier Attack é muito melhor do que o que a maioria pensa, e merece sim uma chance.
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