Breve história da Strada no Brasil

Caso você não esteja muito familiarizado com a história da picapinha, saiba que a Fiat Strada foi lançada no mercado brasileiro em 1998, sendo fruto do projeto 278 - leia-se a família Palio que estreou anos antes no país.

A questão é que esta geração permaneceu em produção por nada menos do que 23 anos consecutivos (1998-2021), passando somente por algumas reestilizações ao longo de todo este tempo que acabaram transformando o visual da picape no passar dos anos.

Ao total, a Fiat Strada teve no Brasil três reestilizações principais: a primeira no final de 2000 (com frente desenhada pela Italdesign, do famoso designer Giugiaro), a segunda em 2004 e a última em 2008 - que na última fase desta geração acabou ganhando um leve tapa no visual em 2013, agregando a linha de cintura mais definida, o melhor acabamento nas versões cabine dupla e as novas lanternas.

No Brasil, a picape compacta sempre teve motores movidos a gasolina ou etanol, além de obviamente contar hoje com os propulsores flex, representado atualmente apenas pelo motor 1.3 Firefly, que entrega 107 cv e 13,7 kgfm com etanol ou 98 cv e 13,2 kgfm quando abastecido com gasolina. A picape compacta tem até versão com transmissão automática tipo CVT.

Motor diesel: do JTD ao Multijet

Lançada no Brasil em 1998, a Fiat Strada teve sua versão a diesel produzida na fábrica da marca em Betim, Minas Gerais. Vale dizer, no entanto, que a versão exportação da picape compacta nacional com motor movido a diesel começou apenas no ano seguinte.

Em sua primeira fase, a Strada diesel foi comercializada num primeiro lote em alguns países da Europa como Alemanha, Grécia, Itália e Portugal. O motor era o 1.9 JTD diesel, que na fase inicial contava com seus 85 cv de potência e 19,9 kgfm de torque, nada mal para ser usada no trabalho pesado.

Caso tenha ficado curioso, a sigla JTD usada na época para os motores diesel da Fiat significava Jet Turbo Diesel. Vale lembrar ainda que motores a diesel da família 1.9 JTD foram usados em carros de passeio na Europa, tanto que fez sua estreia em 1997 no Alfa Romeo 156. Porém, o motor 1.9 JTD que foi usado na Strada derivava diretamente do Punto europeu de 1999.

A exportação inicial da Strada para o velho continente durou de 1999 a 2006, mas foi retomada alguns anos depois, em 2012. Foi quando a picapinha passou a ostentar outro motor turbodiesel debaixo do capô, o 1.3 Multijet, que era produzido na Itália.

Esse propulsor tinha evoluções. O sistema de injeção era melhor, entregando assim um melhor funcionamento com motor frio, além de maior eficiência e desempenho, principalmente em rotações mais baixas.

Em seu lançamento, chamava Fiat Strada 1.3 JTD Multijet EuroV que, como o nome já adiantava, estava alinhada ao exigente padrão europeu de emissões Euro 5 da época. Com esse propulsor, a pequena caminhonete entregava seus 85 cv e 20 kgfm de torque, que era o suficiente para ela acelerar de 0 a 100 km/h em 13,5 segundos, enquanto a máxima era de 165 km/h, de acordo com dados de fábrica.

Logicamente, o destaque mesmo era que a picapinha conseguia fazer até 18,8 km/l, dados também divulgados pela Fiat naqueles anos. Ou seja, com tanque de combustível de 58 litros, tínhamos uma Strada capaz de rodar pouco mais de 1.000 quilômetros com apenas um tanque cheio. Números que, hoje, até carros com tecnologia híbrida sofrem para alcançar.

É importante dizer que no decorrer dos anos em que foi comercializada na Europa, a Strada 1.3 Multijet passou por algumas atualizações, cujo foco era sempre a eficiência. Em sua última fase, o motor 1.3 turbodiesel entregava 95 cv e 20,8 kgfm, que aparecia desde 1.500 rpm.

Por que não foi vendida aqui?

A capacidade de carga em seus últimos anos variava de 650 kg a 705 kg, dependendo da configuração (cabine simples, estendida ou dupla).

E, embora fosse uma boa ideia contarmos com uma picape compacta com motor turbodiesel, a Fiat Strada equipada com motor 1.9 JTD ou 1.3 Multijet passou longe do mercado brasileiro por causa da nossa legislação.

Isso porque em terras tupiniquins temos vários impeditivos para um carro de passeio ter motor diesel. Entre alguns deles, temos a capacidade de carga (que tem que ser acima de 1.000 kg), tração, entre outras características dependendo do tipo da carroceria, coisas que a Stradinha não entregava.

Essa versão diesel chegou não apenas na Europa, como também foi vendida na Argentina. Sorte deles.